18.2.12

A preto e branco

Acordo e está uma garrafa meia cheia
de bourbon em cima da mesa, uns fósforos,
um maço de Wiston onde alguém
esgaravatou o seu número de telefone; são já sete
e cinco da manhã, James Mason contempla-me
a preto e branco desde a televisão, e vocaliza
palavras que não logro entender nem ouvir sequer.

E depois de me levantar e de me decidir
a um banho, e deixar o asco e as entranhas
pelos canos, e tirá-lo da corrente, ocorre-me
que é agradável estar vivo e fazer a guerra
e o amor e este poema, e que o mundo
bem merece
outra oportunidade.

Roger Wolfe,
Días Perdidos en los Transportes Públicos
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